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O Ciúme

Eu gostaria de perguntar a você que está em sintonia conosco neste momento, se você já sentiu ciúme ou ciúmes alguma vez em sua vida? Reflita um pouco… lembre os fatos… eu tenho plena certeza que ciúme você nunca deve ter sentido, mas o seu plural ciúmes certamente você os sentiu inúmeras vezes.

Reflita um pouco mais sobre os seus sentimentos: lembre-se do momento do ciúme… qual era a principal sensação que naquele momento você tinha? O que lhe dava certeza de que o fato era como a sua imaginação sugeria? Será que valeu à pena toda a apreensão e sofrimento vivido? Você foi feliz naquele momento? Você tornou a pessoa que estava ao seu lado feliz?

Quantas oportunidades você deve ter perdido de viver um momento de paz, tranquilidade, alegria e de amor, por causa desta energia ou sentimento chamado ciúme? E hoje, no teu momento presente, como anda o ciúme no teu coração? Ele te visita sempre? Como você lida com ele? Ele te cega e te tira do seu ponto de equilíbrio? Você consegue raciocinar quando ele está tomando conta das suas emoções?

Poderemos encontrar vários caminhos para analisarmos os sentimentos de ciúmes que o ser humano sente, mas aqui neste momento, iremos procurar entendê-lo analisando 2 aspectos que consideramos os mais importantes no nosso modo de ver e sentir.

Uma das definições que encontramos em nossos dicionários nos aponta que ciúme é o “receio ou despeito de certos afetos alheios não serem exclusivamente para nós”.

Para entendermos então o primeiro dos aspectos aqui abordados vamos buscar informações que alguns dos grandes mestres da Psicologia nos legaram em seus estudos sobre o desenvolvimento emocional humano.

Jacó Levy Moreno, criador do Psicodrama demonstra que nos 3 primeiros meses do nosso processo de vida, temos como bebê um sentimento que ele chamava de caótico e indiferenciado, pois nesta fase de vida acreditamos que tudo o que existe faz parte de mim mesmo. Tudo o que existe fora de mim, eu bebê de 3 meses, acredito que exista dentro de mim e por isso faz parte de mim e tenho que fazer a introversão: a mamãe é minha, quem cuidar de mim é meu, o seio é meu, a mamadeira é minha, e o que quero é engolir tudo que estiver em minha volta, para que meu interior fique saciado e não tenha nunca a enorme dor que a sensação de fome possa me trazer.

Como esta informação que lhe passei, olhe para seus ciúmes agora e notará que existe dentro de cada um de nós, uma criança esperneando, se sentindo abandonada por não ter recebido exclusividade daquilo que ela entende ser seu direito.

Observe que o sentimento que o ciúme gera em cada um de nós, é uma necessidade de engolir o outro, que o outro fique dentro de nós, nos saciando, nos nutrindo, pois a sensação de que se o outro não der a atenção ou exclusividade em seus sentimentos alguma coisa em mim, uma marca que tenho na minha criança interior, na fase dos 3 primeiros meses, fará com que eu seja desintegrado ou venha a explodir.

Com esta informação, olhe para dentro de você e perceba que o ciúme contém uma necessidade infantil não realizada da fase chamada caótica e indiferenciada, onde preciso engolir o outro. Tenho a necessidade de sentir o outro dentro de mim, pois ele/ela pertence a mim e se não tiver dentro de mim, para me dar a sensação de saciedade é como eu fosse morrer. Nesta fase analisada do primeiro aspecto o ciúme me traz uma sensação de morte e vou proteger a minha vida de qualquer maneira que seja possível. Considero esta fase do ciúme a mais passional porque ela interage com nossos aspectos mais primitivos do nosso ser e em conseqüências as reações são também mais primitivas e por isso podem se tornar mais violentas.

Se você é uma das pessoas que o ciúme vem como se fosse uma grande explosão incontrolável e seu desejo naquele momento pode chegar até à destruição da pessoa objeto do ciúme, a tendência de você estar neste primeiro caso é enorme, e o caminho de cura, é aprender a cuidar desta criança interior, acalmá-la, aprender a nutri-la, aprender a amá-la e lhe dar muito carinho e atenção, pois ela ainda está ativada como se você estivesse na fase dos 3 primeiros meses iniciais de sua vida. Se não conseguir sozinho/a este equilíbrio, aconselho a buscar ajuda profissional e especializada para este seu problema, que tem com ser harmonizado e entendido. Basta apenas um pouco de vontade e deixar que seus aspectos maduros e adultos que você tem também desenvolvido passem a tomar conta de seus atos e desejos.

O segundo aspecto que vale aqui analisar e tem uma importância muito grande, pois ao sairmos da fase dos 3 primeiros meses vamos entrando em outras fases de socialização e o aprendizado vai se completando e as novas informações que vão chegando a cada momento vão nos ajudando na formação de nossa estrutura emocional do adulto que seremos.

Invariavelmente, no adulto que seremos estão inseridas as fases vividas nos 7 primeiros anos, onde se formam a estrutura da personalidade desta vida e se estrutura os conteúdos de nossa Criança Interior e com este conteúdos iremos direcionar nossas vidas e o conjuntos das emoções que vão movimentá-las.

Infelizmente para cada um de nós, mesmo respeitando as diferenças culturais. Sociais e raciais, somos por demais semelhantes em nossas heranças emocionais, pois aqui se trata de ser humano, e não tem nada a ver com qual tribo fazemos parte ou nos identifiquemos.

O Mestre Freud falava a transferência e depois da projeção, que no processo do tratamento das neuroses havia a tradicional transferência do paciente ao terapeuta e muitas coisas que viam nos outros eram projeção de si mesmo. Por outro lado Moreno, desenvolveu a técnica de espelho e duplo espelho, no tratamento psicodramático e o mestre Jung quem disse que o que acontece no mundo é o espelho de nossa psique, a exteriorização de uma realidade análoga.

Pode ser que a primeira vista, isto esteja como uma salada de frutas em sua cabeça, mas vamos tentar então compreender o que estes 3 grandes nomes da Psicologia nos disseram de maneiras muito parecidas sobre o processo do espelho.

O que isso vem demonstrar, é que eu ser humano não posso ficar preso emocionalmente somente nos 3 primeiros meses, que há outras fases de muita importância e que estas também se não houver uma boa interação com as pessoas que me cuidam e como o meio que vivo, terei a chance de ficar estacionado em algum momento do caminho em algumas destas fases e que elas interferirão de maneira decisiva na saúde mental do adulto que me tornarei.

Mas nós falávamos aqui de espelho. Vamos então entender este conceito de uma maneira geral, para introduzi-lo no segundo aspecto de nossa análise. O espelho nada mais é do que uma projeção. No consultório é muito fácil explicar a um paciente quando ele vem falar de algum sentimento que apresentou nas últimas horas ou dias e tem alguma pessoa envolvida, que ele está fazendo a projeção de um espelho.

Aquilo que ele vê em outra pessoa e lhe incomoda tanto, e que em muitas vezes se torna um julgamento ou uma rejeição, nada mais é do que algum conteúdo seu, algum aspecto de sua psiquê eu está projetando ou espelhando-se com outra pessoa.

Quando alguém apresenta um sentimento considerado ruim, desagradável que provoca ou

repulsa ou grande julgamento sobre o que outra pessoa tenha feito, certamente, esta pessoa que pratica este sentimento, está fazendo um grande espelho. Está vendo no outro algo que tem em si e rejeita, julgando, agredindo não aceitando, e muitas vezes se irritando em demasia.

Normalmente não gostamos de vermos refletido em nós o que o outro apresenta. Há um sistema de mecanismo de defesa do nosso ego, que visa nos proteger de tudo que venha promover ameaça ao domínio que o ego tem em cada um de nós. O ego reage cada vez que se sente ameaçado, e todas as pessoas que nos ameaçam com seus espelhos, mostrando a cada um de nós, que somos parecidos com aquilo que ela está demonstrando, é muito desagradável.

Bem, e o ciúme o que tem a ver com tudo isso?

Se você que em ciúme e volta e meia tem uma pequena ou mesmo grandiosa crise e não está inserido no primeiro aspecto, peço que reflita um pouco mais sobre o que afirmaremos agora:

– o seu ciúme aquele que você pode vir demonstrar do seu parceiro ou parceira, de seus amigos em geral, no seu trabalho, ou em qualquer outra área de sua vida, ele nada mais é do que uma projeção sua, das emoções que têm não resolvidas dentro de sua mente e que por não saber lidar, você as projeta em outras pessoas, como se elas fossem fazer ou fazem com você algo, que você mesmo sente que poderia fazer com elas.

Pego aqui para análise o ciúme de maior peso e mais costumeiro que é o ciúme nos relacionamentos. Ele ou ela são muito ciumentos. Todos aqueles que apresentam ciúmes injustificados, que imaginam ou projetam situações de ciúmes… vamos diferenciar aqui, se você vê seu parceiro/a dando um beijo cinematográfico em outra pessoa,. Aqui entraremos num terceiro tipo de ciúme que não será visto hoje.

Queremos aqui enfatizar para melhor compreensão o ciúme imaginário, aquele ciúme de só saber que o seu objeto de amor falou com aquela outra pessoa, ou deu um pouco mais de atenção, ou…não importa o que seja este outro ou… e você se sente mal, inseguro/a, triste, irritado,/a, descompensado/a… nesse momento você faz o espelho, você projeta seus desejos reprimidos em cima da outra pessoa… o que quero afirmar aqui é que você vai sentir pelo outro os seus próprios sentimentos.

Acabamos projetando nos outros nossos próprios sentimentos. Você passará a sentir que se estivesse no lugar do outro você talvez fizesse aquilo que diz que o outro poderia ter feito e na maioria das

vezes não fez, nem pensou em fazer. O ciúme que sentimos é o medo da outra pessoa ter o mesmo sentimento que tenho dentro de mim e isso me deixa bastante inseguro.

Então, reafirmando, o ciúme que sentimos e projetamos em outra pessoa, nada mais é do que o medo de meus próprios sentimentos. Eu me projeto, faço um espelho, de como eu agiria se estivesse naquela situação e o impacto da minha criança interior é tão grande que da mesma maneira que a anterior esperneio, dou piti, entro em crise, choro, sofro, etc, tudo por medo de olhar em mim mesmo uma grande fantasia que está lá dentro de minha mente e que ainda não me libertei.

Para acalmar teu coração, caso você seja uma pessoa muito ciumenta> o ciúme pode ocorrer naturalmente se houve um fato real, concreto, mas se não for por este motivo, e for o

ciúme imaginário, aquele que te faz sofrer muito pelo que imagina que poderia ter acontecido, a dica que damos: olhe para você. Veja a projeção que está fazendo. Olhe para sua criança interior, e tente entende as necessidades dela. Tente entender seus medos, suas inseguranças, suas dores, pois eles interferem na vida do adulto, tirando sua qualidade e seu bem estar.

Normalmente em mais de 90% dos casos o ciúmes nada mais é do que projeção de nossas dores emocionais não resolvidas, numa época de muita fragilidade emocional, e que não tínhamos nenhuma condições de nos defender do mundo do adulto. Mas permitir que ele o ciúmes de maneira tirana infernize nossas vidas e das pessoas caras aos nossos corações não é justo nem harmônica e principalmente nos trará felicidade. A felicidade só é plena quando há a liberdade de escolha. A liberdade de amar, a liberdade de ser… e creia-me você é muito maior e mais do que este bobo ciúme que vez e outra atormenta sua vida. Olhe para sua criança interior, lá está chave de sua cura. Curar a nossa criança interior é dar a qualidade de vida que nosso adulto merece ter.