Eu prometo, foi a última vez
Quantas vezes você já se disse esta frase: “Eu prometo foi a última vez…” E no momento seguinte ou diante de uma outra oportunidade, você volta a repetir o mesmo padrão de comportamento, que julga prejudicial a você. Mas alguma coisa lhe acontece interiormente e volta a repetir o mesmo comportamento, que diz odiar, que lhe prejudica, que jura por Deus não mais o repetirá e volta a praticá-lo quase de imediato às suas juras e promessas….
O que acontece conosco, quando assim agimos?
O que pude aprender até agora sobre esta dificuldade é que eu tenho um padrão cristalizado. Mas o que é padrão cristalizado? É uma maneira de pensar ou de me comportar, ou pensar e me comportar, já desenvolvido anteriormente, ao qual estou preso e não consigo me libertar; por mais esforço que faça sempre volto a repetir o mesmo comportamento ou pensamento.
Se é comportamento, é porque foi aprendido. Se for pensamento, aquele pensamento que não o larga, que é obsessivo, e mesmo que você não queira ele vem, ele virou uma sombra. Um comportamento é aprendido quando ele é observado pela pessoa e esta observação desenvolve em nós uma vontade ou uma não-vontade de imitar aquele comportamento.
O pensador francês Émile Coué afirma em um dos seus livros que “uma pessoa quando está numa briga íntima entre a imaginação e a razão, a imaginação sempre é a vencedora”.
O que será que ele quer dizer com isso? Ele apenas está afirmando que a imaginação domina nossas vidas. Tudo o que eu imagino posso vir a concretizar e tudo o que eu imagino, é do que está cheio o meu coração.
Mas como assim… eu não entendi?
Entendeu sim. Aquilo que eu imagino, aquilo que me pego a pensar e até elaboro em cima são os padrões que estão cristalizados e preciso fazer um esforço enorme, intenso, intermitente, senão não consigo me libertar deles. Estes padrões cristalizados são as paixões de nossas vidas. São as paixões que meu coração desenvolveu e não quer abrir mão.
Olhe para alguma coisa que você se comprometeu a mudar e não consegue. Pare um pouco e veja seus sentimentos, indague agora porque não conseguiu mudar. Perceba que aquilo que você não quer mudar, é porque tem paixão. Está apaixonado por esta postura, atitude ou comportamento.
Dou um exemplo para quem fuma e tentou parar diversas vezes. Você já se deu diversas desculpas por não conseguir parar, mas olhe-se agora e perceba que só não parou, porque gosta do cigarro e não tem coragem de praticar o desapego. A mesma coisa é com um vício comportamental. É como o egoísmo, a vaidade, a rigidez, a necessidade de controlar a vida do outro, a necessidade de ser maledicente e falar mal da vida do próximo. A necessidade que tenho de me fazer notado, a necessidade que tenho em me queixar da vida ou de alguma pessoa, como se a vida ou alguém pudesse ser responsável pelo que acontece comigo.
Todas estas coisas que não mudo é porque tenho apego e paixão. São os defeitos de alma que desenvolvi na minha trajetória e não quero abrir mão e não quero abrir mão porque estou apaixonado… São coisas que na maioria das vezes me envergonho, mas não quero abrir mão. O apego e a paixão são maiores do que a vergonha.
Muitos destes padrões eu trago comigo em diversas encarnações e preciso hoje aprender a resolver esta pendência e não levar para outra vida este mesmo defeito. Não há mais tempo, a mudança tem que ser feita agora, amanhã talvez seja tarde.
Você está cansado dele? Quer se libertar? Olhe seu coração e veja em primeiro lugar se você quer mesmo. Se não quer mesmo, não perca tempo, continue sendo assim, como você é….
Ah, você quer se libertar! Olhou seu coração e decidiu que quer se libertar… Então, uma dica: questione seu comportamento, questione fundo. Faço-lhe então esta pergunta e por favor me responda: Por que você precisou deste comportamento até hoje? O que ganhou tendo ele consigo? Está mesmo disposto a abrir mão dele? Se conseguir fazer isso, estará muito, mas muito próximo de se libertar desta coisa que lhe incomoda e estará aprendendo a lidar com sua paixão. As paixões e os apegos estão aí, para serem transmutados.
Voltando ao pensamento, quando é um pensamento que fica insistentemente em sua mente, ou um pensamento que cai hora ou outra na mente sem que você o queira e não gosta que ele venha, da mesma maneira eu posso lhe dizer… que há um componente em você que se liga a este tipo de pensamento…. alguma coisa dentro de você, podendo ser até um sentimento destrutivo, está aí dentro de sua psiquê. E há alguma paixão presa nele também. Alguma vingança, alguma mágoa reprimida, algum desejo de destruição, uma necessidade de matar pai, mãe (fantasia infantil) ou qualquer adulto que em algum momento lhe tratou mal.
Esta energia está aí querendo ser tratada e está armazenada em seu subconsciente, e volta e meia ela vem para fora, porque alguma coisa no hoje a movimenta, a lembra e ela sai do arquivo da mesma maneira incompreensível como entrou, de maneira desordenada, desconexa, mas como uma emoção real.
Esta sombra é desenvolvida na primeira infância até os 7 anos quando um sentimento foi reprimido e não colocado para fora de maneira adequada. Como exemplo, imagine uma criança pequena que recebe uma reprimenda injustamente, ou mesmo justa e agressiva, de um adulto, qual a possibilidade que a criança teve de pôr para fora o sentimento daquele momento em que estava sendo agredida?
Nenhuma possibilidade. O sentimento veio até a garganta, mas ficou preso, não saindo e ficando preso, nós mandamos para o subconsciente esta mensagem, com toda a carga emocional que ela tinha. Um dia, ela sai para fora e não a conseguimos controlar, mas podemos entendê-la.
Outro conteúdo destas sombras são as chamadas memórias extracerebrais que são comportamentos aprendidos e praticados em outras vidas e que estão agora na nossa mente como se fosse uma sombra. Posso lhes afirmar que temos em nossa psiquê milhares destas sombras, todas arquivadas, esperando o momento propício de saírem para fora e nos causar o mesmo mal-estar, que já nos causaram na infância ou na outra vida, no momento que se instalaram.
Uma dica caso você queira começar a se livrar destas sombras: quando o pensamento da sombra aparecer, questione-o, pergunte-lhe porque você está aí ou porque você pensa assim ou o que ele quer sendo e pensando assim… Converse com seu pensamento, como se fosse uma outra pessoa, pois na verdade isto não é seu, não é de sua alma e se enfrentá-lo e confrontá-lo, você diminui sua força, seu domínio, deixando-o cada vez mais fraco, e cada vez menos irá importuná-lo.
Volto a insistir: Se quiser se livrar de uma sombra, não fuja dela; enfrente-a, só assim poderá melhorar. Você se lembra daquela frase: “Conheça a verdade e ela o libertará”? Se assim o fizer logo estará livre daquilo que o faz sofrer… este é um trabalho seu, de autodisciplina. Só você poderá fazê-lo. Boa sorte!
Texto revisado por: Cris
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