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Dissimulação

  1. Ato de ocultar ou encobrir com astúcia;
  2. Não dar a perceber, calando;
  3. Não revelar seus sentimentos ou desígnios.

Popularmente, o dissimulado é uma pessoa que propositadamente procura encobrir os seus sentimentos ou até atitudes, pois tem algum interesse em se manter assim, visando obter alguma vantagem da situação. Certamente, todos nós temos encontrado e convivido com diversas pessoas assim, que possuem uma falha tão forte de caráter que julgam os caracteres das outras pessoas pelas deformidades do seu pensar e, não é raro, estas pessoas se tornam mesquinhas, egoístas, exclusivistas.

Mas não é só para obter vantagem, mas também por causa do medo que o outro o perceba e descubra que no seu interior, fervem sentimentos desajustados, inconseqüentes e, para muitos, incontroláveis. A dissimulação é um enorme mecanismo de defesa, pois o que tenho em mim, o que sinto dentro de mim ou minhas idéias e sentimentos são tão inconfessáveis, condenáveis ou egoístas, que eu não consigo dividir com ninguém o que vai no meu coração.

Por que será que um ser humano se torna assim?

Para explicar um pouco melhor vamos, em primeiro lugar, afirmar que a dissimulação é uma das maiores doenças do nosso ego, se não for a maior. Entendemos que ela deve ter surgido, pelo menos aqui no planeta Terra, para encobrir as emoções negativas que foram geradas entre as nossas diferenças. Num determinado momento da vida planetária, quando já estávamos vivendo a 3ª geração de seres ascensos aqui na terra, chegaram seres de outros espaços do universo e vieram habitar entre os terráqueos, trazendo seus vícios, seus costumes e maneiras diferenciadas de culturas. Encontraram aqui na Terra pessoas que viviam num ideal de elevação, todos trabalhando para o mesmo fim, vivendo experiências semelhantes e tinham no amor, sem o apego e com a participação coletiva, a grande força da população terrena. Aqui se vivia uma geração de homens que praticavam o amor.

Os seres vindos de outras galáxias, bem mais experientes, com altíssima tecnologia, vieram para cá por não terem aprendido a vivenciar a experiência do amor. Os planos superiores do universo permitiram que estes seres viessem trazer um padrão novo ao planeta. Vir ajudar a implantar, no planeta, uma nova civilização que aliasse tecnologia, conhecimento e amor. Assim, na Mãe Terra, como biblioteca viva de experiências universais, seria implantada uma das civilizações mais especiais em termos de perfeição física e desenvolvimento de uma psiquê rica em conhecimentos e vivências.

Tudo o que ocorreu depois foi conseqüência da maneira como entendemos estas diferenças e de como lidamos com os medos, culpas, ansiedades, inseguranças, que estas diferenças nos trouxeram. Tudo foi e ainda é uma grande fantasia. Eu fiquei com medo do outro, pois ele tinha um saber ou uma experiência diferente daquela que eu tinha e isto me provocou o surgimento de uma intensa necessidade de esconder meus sentimentos, daí desenvolvi a dissimulação.

Moreno, fundador do Psicodrama, foi tirar do teatro grego as personas, ou seja, as máscaras; por volta de 1923 em Viena, Áustria, ao criar o teatro da espontaneidade, os personagens se baseavam nas experiências do teatro grego, onde os atores da Grécia antiga usavam máscaras na hora de representarem, e com Moreno, usavam as máscaras da própria personalidade, pois quando os atores das encenações públicas faziam no palco papéis semelhantes aos da sua vida real melhoravam de seus conflitos e praticamente mudavam seus comportamentos.

Para se entender melhor, quando faço a catarse ou enfrento um sentimento tenho a chance de me libertar do seu domínio, sentir o alívio que esta libertação representa. Se quem dissimula soubesse que se enfrentasse a sua dificuldade e saísse da fantasia do medo de revelar suas reais intenções poderia viver muito melhor, seria mais livre e feliz.

Bem, e eu, como fico com a dissimulação? Serei igual a esta pessoa descrita acima? Como meu caráter se relaciona com a dissimulação?

Ao nível do senso comum, sem entrar na patologia da dissimulação, podemos dizer que a dissimulação está presente em todos nós. Certamente ela nos tira diversas oportunidades de crescimento pessoal, de enfrentamento de nossas realidades internas e de nossa verdade pessoal e universal. Quando dissimulamos, não enfrentamos nossa verdade e fugimos de nossa realidade. Aquela realidade de conteúdos nossos ou dos outros, que não queremos enxergar. Ver a nossa realidade, muitas vezes dói. Também me fragiliza ver as coisas que não gosto em mim e que não quero, ou não sei como mudar.

E então me pergunto: Como mudar uma estrutura cristalizada, arraigada, atrás da qual me escondo, para que ninguém veja a realidade de sentimentos e de alma? Mexer com meu padrão mental e de vícios é uma coisa bastante difícil e poucas pessoas estão disponíveis para tal. Mexer dói, nos acovarda, nos diminui, nos afugenta de nós mesmos e aí a dissimulação entra para nos proteger, tentando manter a fantasia anteriormente estabelecida.

Voltando à pergunta de como mudar: a experiência tem me mostrado que, em primeiro lugar, eu só mudo o que quero mudar. O segundo passo para a mudança é a intenção de mudar. É reconhecer que mudando serei melhor, que ganharei mais qualidade de vida. O terceiro passo é o comprometimento. Me comprometer com o objetivo da mudança, assumir responsabilidades, correr os riscos que qualquer mudança traz.

E nada disso ocorrerá se antes da intenção e comprometimento, eu não resolver algo mais especial e importante que tudo: a paixão… A paixão pelo padrão adquirido. Preciso substituir a paixão por algo mais prazeroso do que ela. Você está disponível?

Texto revisado por: Cris